📜 Clube de Revista: Effect of a patient-ventilator asynchrony (PVA) management protocol on treatment outcomes in ICU patients: a randomized controlled trial
Por: BETINA SANTOS TOMAZ, FISIOTERAPEUTA - 04/10/2025 11:19
O paper de hoje foi publicado em setembro de 2025 na revista BMC Research Notes, e conduzido por Ahvazi e colaboradores, vinculados à Ahvaz Jundishapur University of Medical Sciences (Irã). O estudo integra um grupo de pesquisa em enfermagem e cuidados críticos, com foco em estratégias simples e custo-efetivas para melhorar o manejo da ventilação mecânica em pacientes graves.
🎯 Objetivo
Avaliar se a implementação de um protocolo estruturado de manejo da assincronia paciente–ventilador (PVA) poderia melhorar desfechos clínicos em pacientes críticos sob ventilação mecânica invasiva.
✍ Metodologia
- Tipo de estudo: Ensaio clínico randomizado, unicêntrico, simples-cego.
- Amostra: 66 pacientes (33 intervenção × 33 controle).
- Critérios: Pacientes entre 15–65 anos, ventilados em modo assistido-controlado, APACHE II entre 30–40.
- Intervenção: Avaliação sistemática de PVA a cada 2 horas + correções protocoladas (sedação, ajustes de gatilho, fluxo, VT, PEEP, mudança de modo).
- Controle: Cuidados habituais, com detecção de assincronia apenas incidental. A conduta mais comum nesse grupo, segundo o artigo, era aumentar o nível de sedação, sem necessariamente corrigir a causa da assincronia. Alguma semelhança com as UTIs brasileiras?
- Desfechos primários: Tempo de ventilação mecânica.
- Desfechos secundários: Tempo de internação em UTI, sucesso de desmame, mortalidade em UTI e autoextubação.
📊 Resultados principais
- Tempo de VM: Intervenção 12,6 ± 6,1 dias × Controle 18,0 ± 4,2 dias (p < 0,001).
- Permanência em UTI: Intervenção 14,3 ± 5,1 dias × Controle 22,6 ± 5,8 dias (p < 0,001).
- Sucesso no desmame: Maior no grupo intervenção (p < 0,001).
- Mortalidade em UTI: Sem diferença significativa (18,2% no total, p = 0,202).
- Autoextubação: Também sem diferença (p = 0,787).
- Tipo de assincronia mais comum: Esforço ineficaz (≈ 68%).
#Forças:
- Desenho randomizado com avaliação sistemática de assincronia.
- Aplicabilidade clínica: protocolo simples, baseado em observação de curvas e ajustes progressivos.
- Resultados clinicamente relevantes em tempo de VM e permanência em UTI.
#Limitações:
- Unicêntrico e amostra pequena, o que limita a generalização.
- Cegamento parcial: equipe assistencial sabia a alocação, risco de viés de desempenho.
- Diagnóstico de PVA baseado apenas em interpretação clínica das curvas, sem uso de softwares automáticos ou medidas fisiológicas avançadas.
- Não houve impacto em mortalidade e autoextubação, possivelmente por baixo n para esses desfechos.
#Implicações:
- O estudo reforça que protocolos estruturados de detecção precoce de PVA reduzem dias de VM e de UTI, desfechos de alta relevância em Terapia Intensiva.
- Sugerem-se ensaios multicêntricos e com maior amostra, além da integração de ferramentas automatizadas, para validar e expandir a aplicabilidade.
📢 Para o Fórum Xlung
Este estudo traz evidências práticas de que avaliar e intervir ativamente na assincronia pode acelerar o desmame e reduzir a carga assistencial na UTI.
👉 O que vocês, colegas da comunidade Xlung, acham da viabilidade de protocolos de triagem periódica de PVA em UTIs brasileiras? Já utilizam algo semelhante no serviço de vocês?
🔗 Confiram o artigo completo aqui: BMC Research Notes – Ahvazi et al., 2025
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