📜Clube de Revista: Safe spontaneous breathing with helmet noninvasive ventilation in acute hypoxemic respiratory failure
Por: Isabella Matos, Medica - 01/12/2025 13:14
👉🏼 Em novembro de 2025, a equipe liderada pelo italiano Massimo Antonelli do hospital Gemelli em Roma, em parceria com Universidade de Toronto, composta pelos os autores Tommaso Rosà 🇮🇹, Luca S. Menga 🇨🇦, Bruno L. Ferreyro 🇨🇦, Domenico Luca Grieco🇮🇹 e Massimo Antonelli 🇮🇹 publicaram um artigo de revisão no Current Opinion Crictical Care destacando o interesse na ventilação não invasiva com capacete para o manejo de pacientes hipóxicos, devido a potenciais benefícios fisiológicos e clínicos, resumidos a seguir:
Fonte: imagem adaptada de Rosà T, et al. Curr Opin Crit Care, 2025.
🫁 Princípios-chave
A VNI com capacete pode oferecer uma estratégia valiosa para o manejo não invasivo de pacientes hipoxêmicos, particularmente quando aplicada precocemente, por períodos prolongados e com configurações que visam minimizar a insuflação prejudicial em casos moderados a grave (PaO2/FIO2 < 200 mmHg). Em comparação com as máscaras faciais, os capacetes facilitam a aplicação de uma pressão expiratória final positiva (PEEP) mais elevada paratratamentos prolongados, consequentemente melhorando a oxigenação e possibilitando a mitigação de padrões de inflação prejudiciais relacionados à heterogeneidade pulmonar e, dessa forma, potencialmente prevenindo a lesão pulmonar autoinfligida pelo paciente (P-SILI).
🧩 VNI no capacete: O QUE
Os capacetes permitem a administração de níveis mais elevados de PEEP, proporcionando o recrutamento pulmonar, a estabilização alveolar, a redução da heterogeneidade pulmonar, a melhoria da oxigenação, o deslocamento caudal do diafragma e a redução do esforço inspiratório. A alta complacência inerente à interface permite uma assincronia que não representa necessariamente uma ocorrência indesejável e pode até ser benéfica: atrasos no disparo e na ciclagem, quando as válvulas do ventilador estão fechadas, permitem que os pacientes ainda gerem fluxo de ar ou expirar no volume interno do capacete, evitando contrações isométricas, a sensação de falta de fluxo e a ocorrência de pendelluft.
Além disso, o desacoplamento entre as oscilações da pressão pleural negativa e do aumento de pressão nas vias aéreas gerados pelo ventilador ajuda a minimizar os aumentos respiratórios na driving pressure, contribuem coletivamente para a redução do esforço inspiratório e do strain dinâmico pulmonar.
👤 VNI no capacete: QUEM
As diretrizes não fornecem recomendações conclusivas a favor ou contra o uso de VNI com capacete em pacientes hipoxêmicos.
A VNI com capacete (com pressão de suporte variável) parece ser mais adequada para pacientes com alto esforço inspiratório, visto que a cânula nasal de alto fluxo (CNAF) e a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) com capacete são insuficientes para controlá-lo. Em contrapartida, a CPAP com capacete e a CNAF podem ser preferíveis em pacientes hipoxêmicos com esforço mais leve, oferecendo benefícios de oxigenação sem aumentar o estresse pulmonar. Em conjunto, as evidências mais recentes indicam que a VNI com capacete pode proporcionar os maiores benefícios fisiológicos e clínicos em pacientes com hipoxemia moderada a grave (PaO2/FIO2<200 mmHg), especialmente quando apresentam esforço inspiratório intenso (>10 cmH2O) ou PaCO2 < 35mmHg.
⏳ VNI no capacete: QUANDO
A aplicação precoce de PEEP elevada durante a fase inicial, mais aguda, pode proporcionar o maior benefício, reduzindo o esforço inspiratório, podendo diminuir o estresse pulmonar e a deformação pulmonar dinâmica, atenuando assim a cascata inflamatória e retardando a progressão da lesão. O início tardio frequentemente coincide com a progressão da lesão pulmonar em direção a tecido mais consolidado e menos recrutável, onde os benefícios da PEEP na redução da deformação são limitados.
Sessões prolongadas e contínuas de VNI com capacete parecem aconselháveis para maximizar a eficácia até que ocorra melhora clínica.
🏥 VNI no capacete: ONDE
As UTIs representam o ambiente ideal para a VNI com capacete devido à necessidade de monitoramento contínuo e especializado, reconhecimento imediato de falha no tratamento e rápida escalada de cuidados. Embora seu uso em ambientes de cuidados intermediários ou emergenciais seja possível, isso requer infraestrutura adequada e equipe treinada para garantir tanto a segurança do paciente quanto a eficácia do tratamento.
⚙️ VNI no capacete: COMO
O desempenho ideal da interface requer PEEP mais alta (10–14 cmH2O), pressão de suporte moderada a alta (8–14 cmH2O) e um tempo de pressurização muito curto. A pressão de suporte deve ser idealmente ajustada para equilibrar as reduções do esforço inspiratório com aumentos mínimos nas pressões de distensão pulmonar. Se ocorrerem vazamentos substanciais, o posicionamento do capacete deve ser ajustado.
Uma solução prática para minimizar úlceras em axilas é puxar as alças para baixo e prendê-las à cama do paciente, mantendo o capacete no lugar sem aumentar a pressão localizada. Para minimizar a reinalação de CO2, uma preocupação frequentemente relatada, um circuito de dois ramos deve ser usado em vez de uma peça em Y, com as duas portas posicionadas em lados opostos. Uma sedação leve pode ser empregada, sendo a dexmedetomidina preferida porque afeta minimamente o controle respiratório neural, tornando-a uma opção mais segura.
👉🏼 Nesse sentido, um artigo publicado pelo nosso grupo, MATOS, IM et al., no Jornal Brasileiro de Pneumologia em 2024, intitulado “CPAP delivered via a helmet interface in lightly sedated patients with moderate to severe ARDS: predictors of success outside the ICU” utilizou sedação leve com dexmedetomidina em todos os pacientes tratados com ELMO-CPAP em pacientes com SRDA moderada a grave fora do ambiente de UTI e obteve uma taxa de sucesso (não intubação) de 72,8%, tendo como preditores de sucesso pacientes mais jovens, envolvimento pulmonar < 75% na TCAR, índice ROX > 4,88 na segunda hora de terapia e duração prolongada da primeira sessão de terapia com ELMO-CPAP > 24h contínuas. Idade avançada e intubação foram associadas à mortalidade.
😉 Acesse aqui os artigos:
🧐 E você, como tem escolhido a interface ideal para o seu paciente com IRp Hipoxêmica em VNI?
🧐 Como esses princípios se alinham às novas Orientações Práticas em Ventilação Mecânica SBPT/AMIB? Comentaremos em resposta a esse post. Acompanhe!
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