Driving Pressure NÃO ASSOCIADA A MORTALIDADE em pacientes sob ventilação mecânica SEM SDRA. Será?
Por: BETINA SANTOS TOMAZ, FISIOTERAPEUTA - 11/01/2020 16:25
Ainda no final do ano de 2019, foi publicado um estudo Americano, retrospectivo com 2641 pacientes, que teve como objetivo determinar se o volume corrente (VC) e a driving pressure (DP) estavam associados à mortalidade em pacientes sob ventilação mecânica (VM) sem Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA).
A hipótese do grupo era que o aumento dessas duas variáveis estava associado ao aumento da mortalidade em pacientes sem SDRA.
Vejamos o resultado abaixo:
Não foi observado associação significativa entre DP e mortalidade em 30 dias de pacientes sem SDRA. Por outro lado, o aumento do VC foi associado ao aumento da mortalidade nesse grupo.
O que pode ter acontecido para não haver essa associação em pacientes sem SDRA?
A maioria dos pacientes foram ventilados com controle de pressão adaptativo usando o modo PRVC, que é uma ventilação com duplo controle, em que o ventilador tenta atingir o VC utilizando um formato de entrega com pressão limitada, usando a pressão mais baixa possível nas vias aéreas.
No PRVC, o primeiro ciclo respiratório é no modo volume controlado, o que permite o cálculo da mecânica respiratória. Nos demais ciclos a ventilação é entregue com limite de pressão (pressão platô calculada na primeira ventilação) e ciclada a tempo (Carvalho et al. 2007). Isso nos diz que, se houver algum esforço respiratório do paciente pode afetar a precisão da DP.
Os autores também descrevem que em um paciente com ventilação passiva, a DP pode ser interpretada erroneamente se o fluxo não chegar a zero, enquanto que no paciente com respiração espontânea, a DP pode ser afetada pelas alterações no volume entregue associado ao esforço respiratório. Também, a sincronia com o ventilador não foi registrada de forma consistente e, portanto, pode ter afetado a medição da DP.
Algumas limitações colocadas pelos autores são descritas abaixo:
1- A própria análise, por ser retrospectiva;
2- É possível que a configuração e o modo inicial estejam mais associados ao resultado do que a DP;
3- A análise das configurações foi de 1 dia de ventilação e é possível que essas configurações não sejam representativas de todo o curso de ventilação do hospital;
4- As UTIs foram heterogêneas em relação aos pacientes e com preferências de manejo da ventilação, o que pode ter permitido a possibilidade de confusão;
5- Não foi verificado se os pacientes estavam disparando o ventilador;
6- A maioria dos pacientes do estudo foram ventilados com modo APC. Dessa forma, esses resultados não podem ser generalizados para outros modos.
Gostaríamos de saber a opinião de vocês! Será que a driving pressure não está associada a mortalidade de pacientes sem SDRA?
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