CLUBE DE REVISTA Oxygen targets
Por: Marcelo Alcantara, Médico - 18/07/2022 18:51
Mais um paper da interessante série: Lasting Legacy In Intensive Care Medicine.
Paul J. Young, Carol L. Hodgson & Bodil S. Rasmussen publicaram uma revisão sobre as metas ou alvos terapêuticos para a PaO2 em diferentes cenários.
Os dois primeiros são do novíssimo continente, Nova Zelândia e Austrália, e o terceiro da Alemanha.
A figura abaixo apresenta um sumário das recomendações dos autores.
Eles a contruíram com base nas evidências mais recentes de grandes estudos que compararam diferentes estratégias baseadas em alvos pré-definidos de oxigenoterapia, em geral, abordagens mais liberais ou conservadoras.
Os autores destacam as limitações de estudos observacionais sobre o tema. Como ponto confundidor destacam que pacientes mais graves, com má perfusão tissular e periférica podem eventualmente receber uma titulação maior ou mais liberal de FIO2 e apresentarem maior PaO2 portanto.
Dessa forma, a associação de uma maior PaO2 com menor sobrevida pode não refletir uma associação tipo causa e efeito e sim ser um marcador de gravidade.
Os autores citam os melhores ensaios randomizados, a saber: o ICU-ROX (n 1000), o RCT LOCO2 (n 205), o HOT-ICU (n 2000) e o Dutch RCT (n 400). Esses estudos não demonstraram diferenças significativas entre estratégias mais liberais ou mais conservadoras quanto a desfechos como mortalidade.
Contudo, uma heterogeineidade amostral pode ser um fator confundidor não sendo possível excluir efeitos clinicamente importantes em subgrupos específicos de pacientes.
Análises post-hoc do ICU-ROX sugere que alvos mais baixos de oxigenação podem ser favoráveis em casos de encefalopatia pós-isquêmica, enquanto níveis mais altos podem ser preferiveis em outras causas de lesão cerebral ou na sepse.
Uma outra análise post-hoc do ensaio HOT-ICU levantou a possibilidade de que metas mais elevadas de oxigenação podem ser benéficas no choque séptico.
Estas reflexões se refletem nas sugestões apresentadas na figura.
Vale destacar que como regra geral a SpO2 próximas a 100% devem ser evitadas de um modo geral.
Abaixo, duas gasometrias arteriais feitas com o simulador Xlung para uma mesma PaO2 de 100mmHg em dois cenários, o da esquerda com pH normal a 37oC, e o da direita, com acidemia e febre (39oC).
Para uma mesma PaO2 de 100mmHg duas SpO2 foram obtidas, 97 e 94%, respectivamente!
As atuais Orientações Práticas em VM da SBPT e AMIB de 2024 sugerem manter a SpO2 em uma faixa entre 92-96%!
Elas ilustram a importância de complementar as informações obtidas pela oximetria de pulso com a gasometria arterial, em especial em condições de possível comprometimento da acurácia da primeira, como em casos de choque.
Por fim, os autores citam pelo menos 5 ECRs que deverão trazer luz sobre a questão que permanece ainda com algumas incertezas quanto aos alvos ideais de oxigenoterapia.
Segue link para o artigo:
E você? O que você faz na sua prática?
Que alvos de PaO2 e de SpO2 você tem adotado?
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