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CLUBE DE REVISTA: Ventilatory settings in the initial 72 h and their association with outcome in out-of-hospital cardiac arrest patients

Por: Marcelo Alcantara, Médico - 01/08/2022 19:07

Importante estudo prospectivo observacional publicado no Intensive Care Medicine em julho/2022.

Autores de diversos países da Europa, Oceania e outros, tendo como primeiro Chiara Robba e como um dos autores "seniors" Prof Paolo Pelosi, ambos da Universidade de Gênova, Itália, investigaram a relação entre ajustes ventilatórios nas primeiras 72h em seguida a uma PCR fora do hospital com a mortalidade e o desfecho neurológico 6 meses após.

Trata-se de um estudo a partir de uma pré-definida sub-análise do Target Temperature Management-2 trial.

Um total de 1848 pacientes adultos foram incluídos, com 950 sobreviventes (51%). Foram registrados parâmetros ventilatórios básicos e compostos cada 4h nas primeiras 32h, depois cada 8h até o terceiro dia (72h).

Em geral, a mediana dos valores de VT, driving pressure e outros se mantiveram em valores considerados protetores.

A figura baixo mostra a evolução temporal de parâmetros ventilatórios dos pacientes que sobreviveram em comparação com os que foram a óbito.

Observar as diferenças entre os grupos, mas somente a frequência respiratória (f), a driving pressure (DP), o mechanical power (MP) e a razão ventilatória (RV) se associaram de forma independente à mortalidade em 6 meses. Somente as duas primeiras se associaram a desfechos neurológicos.

Interessante, os valores obtidos pela fórmula derivada do trabalho liderado pelo brasileiro Dr. PhD Eduardo Leite Costa, (4xDP + f) sobre MP também se associaram à mortalidade. Costa ELV, Slutsky AS, Brochard LJ, Brower R, Serpa-Neto A, Cavalcanti AB, Mercat A, Meade M, Morais CCA, Goligher E, Carvalho CRR, Amato MBP. Ventilatory Variables and Mechanical Power in Patients with Acute Respiratory Distress Syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2021 Aug 1;204(3):303-311.

Os dados devem ser interpretados com cautela uma vez que sendo um estudo observacional ele indica associação mas não relação causa-efeito que apenas podem ser inferidas como novas hipóteses a serem melhor avaliadas,

Assim, os autores concluem que estratégias ventilatórias protetoras e em especial medidas que minimizem a DP, a aplicação de f elevada (sobretudo se resultar em hipocapnia ante o risco de hipoperfusão cerebral), bem como a monitoração do MP, podem ser benéficas no paciente pós-PCR.

Nesse contexto o emprego de PEEP deve ser também bastante judicioso pelos riscos de piora hemodinâmica e sobre o retorno venoso cerebral, bem como o controle da PaCO2. Inclusive citam o estudo TAME em curso quanto ao papel protetor de uma hipercapnia leve (Targeted Therapeutic Mild Hypercapnia After Resuscitated Cardiac Arrest).

😎O trabalho reforça, no nosso entender, a importância de uma VM segura em pacientes graves com alto potencial de dano cerebral e pulmonar. Em particular, a DP, e o grau de ventilação pulmonar (f) juntos mostram-se variáveis mais importantes. Sendo a DP resultante do VT/Cst, a sua modulação a partir do VT é ainda mais essencial.

Segue o link par ao paper completo (acesso livre):

Robba, C., Badenes, R., Battaglini, D. et al. Ventilatory settings in the initial 72 h and their association with outcome in out-of-hospital cardiac arrest patients: a preplanned secondary analysis of the targeted hypothermia versus targeted normothermia after out-of-hospital cardiac arrest (TTM2) trial. Intensive Care Med 48, 1024–1038 (2022). https://doi.org/10.1007/s00134-022-06756-4

😏 E você, como tem ventilado os seus pacientes pós-PCR?

 



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