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CLUBE DE REVISTA: Qual alvo de SpO2 devemos usar em nossos pacientes intubados? O estudo PILOT.

Por: Marcelo Alcantara, Médico - 17/01/2023 19:51

Em um estudo muito bem desenhado, Matthew W. Semler et al. abordaram esta importante questão.

👉 Eles investigaram os efeitos de alvos de SpO2 mais baixos, intermediários e mais altos nos resultados clínicos entre adultos criticamente doentes recebendo ventilação mecânica.

👉 Eles avaliaram três faixas de alvos de SpO2 em pacientes intubados:

  • meta de SpO2 mais baixa (90%; faixa-alvo 88 a 92%),
  • meta intermediária de SpO2 (94%; faixa-alvo 92 a 96%)
  • meta de SpO2 mais alta (98%; faixa-alvo 96 a 100%)

👉 Estudo pragmático, randomizado e cruzado por cluster no departamento de emergência e na UTI médica em um único centro, o Vanderbilt University Medical Center, de 2018 a 2021 (36 meses).

👉 Critérios de inclusão: adultos (≥18 anos de idade) na UTI clínica ou no pronto-socorro no momento logo após o início de ventilação mecânica invasiva. Gestantes, encarcerados não foram considerados elegíveis. Pacientes com Covid-19 também não foram incluídos.

👉 Intervenção:

  • A FIO2 foi ajustada para manter a SpO2 dentro da faixa alvo.
  • A SpO2 foi avaliada por oximetria de pulso contínua com alarme para valores abaixo ou acima da faixa-alvo.

👉 Resultados:

  • Foram incluídos 2.987 pacientes de um total de 3.024 pacientes elegíveis (exclusão de 1,2%). Destes, 2541 (85%) foram incluídos para a análise primária: 808 (31,8%) na faixa inferior, 859 (33,8%) para a faixa intermediária e 874 (34,4%) para faixa alta de SpO2.
  • Os grupos tinham características semelhantes no início do estudo.
  • Mais de 7 milhões de valores de SpO2 e de FIO2 foram medidos entre o início e a cessação da ventilação mecânica invasiva, conforme eram amostrados automaticamente beira-leito à frequência de 1 parâmetro por minuto!
  • Não houve diferenças estatisticamente significativas para o desfecho primário, dias sem ventilação, nem para o secundário, mortalidade. 
  • Aos 28 dias, 281 pacientes (34,8%) no grupo-alvo inferior, 292 pacientes (34,0%) no grupo-alvo intermediário e 290 pacientes (33,2%) no grupo-alvo superior morreram antes da alta hospitalar.
  • A figura abaixo resume os principais resultados.

  • As incidências de parada cardíaca, arritmia, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral isquêmico e pneumotórax ou pneumomediastino foram semelhantes nos três grupos.
  • Na análise de subgrupos (pacientes com parada cardíaca, SDRA, infarto agudo do miocárdio, sepse/choque séptico e uso de vasopressores, não foram encontradas diferenças significativas.

😎 Pontos fortes: O estudo é pioneiro na avaliação de três alvos diferentes para SpO2. Ele foi muito bem desenhado e executado para detectar diferenças significativas entre os três grupos.

😓 Limitações: Estudo unicêntrico, reduzindo sua generalização. Não avaliou desfechos de longo prazo (meses)

🧐 Nossa opinião: ele fornece uma evidência robusta de que, dentro da faixa de SpO2 de 90 a 98%, a escolha do alvo de oxigenação (SpO2) não afeta os resultados clínicos para uma ampla população de adultos gravemente doentes intubados.

🧐 Parece razoável escolher níveis em torno de SpO2 entre 92 a 96% na maioria dos indivíduos com insuficiência respiratória aguda para evitar os riscos de hiperóxia ou hipóxia não intencional durante a ventilação mecânica.

Clique no link abaixo para acessar o estudo original:

Oxygen-Saturation Targets for Critically Ill Adults Receiving Mechanical Ventilation



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